AS SEIS CERIMÔNIAS ESTACIONAIS
Festejadas em nosso Colégio

SOLSTÍCIO DE INVERNO
(Modra Necht)

O ano celtodruídico começa com a cerimônia do solstício de inverno, Modra Necht, que é marcada pela colheita do visco.

O visco é uma planta do ar uma vez que é trazido pelos pássaros e colocado nos troncos das árvores. No inverno, quando toda a vegetação está dormente, seus frutos estão maduros. Por isso, simboliza a reencarnação.

Para nós, druidas, o visco representa a maturação do ser desencarnado, em estado de morte física, o que expande seu espírito e que efetivamente o despoja de seu envólucro carnal, permitindo o acesso à luz branca. O azevinho é igualmente reverenciado, mas este é plantada pelo homem e não tem as mesmas qualidades.

Sempre que o druida oficiante corta um tufo de visco, exclama: O Gehl an Heu ! (o trigo germina). Esta cerimônia, que se manteve durante toda a Idade Média, sem revelar seu rito mais profundo, foi mal interpreta por alguns que a traduziram como: Au Gui l’An neuf ! (ao visco, o ano novo).

EQUINÓCIO DE PRIMAVERA
(Alban Eilir)

Neste dia, o Sol entra no signo de Áries (hemisfério norte) e isto marca o início do ano astronômico e da renascença de nossa era céltica que, no ano de 2011, completa 4384 anos.

Para evocar essas tradições, um ovate porta uma imagem de Dana, um bardo carrega uma imagem de uma serpente, um discípulo bardo uma do Sol (masculino-dinâmico) e um discípulo ovate uma da Lua (feminino-estático). Essas imagens são colocados à frente do cortejo pois o Incriado, através de suas forças, permite à Natureza seu florescimento. Um eubage, de linhagem ovática, portará um trevo, símbolo da primavera.

SOLSTÍCIO DE VERÃO
(Alban Helin)

Esta cerimônia é tão importante quanto a da Colheita do Visco (Modra Necht). Ela marca o solstício de verão, momento em que o Sol, com todo o seu poder, nos dá o dia mais longo do ano. É nesta data que deveria ser celebrado o nascimento de Jesus, que nasceu no dia do solstício de verão, e não em 25 de dezembro. (Para conhecer a explicação druídica do nascimento de Jesus, veja o nosso livro Druidismo e Cristianismo - Editions Télétès - Paris, França).

Durante o ritual, Korridwen explica que nesta data todos os participantes, em um mesmo espírito, comungam com as forças telúricas, que atingem seu máximo neste dia, quando o Sol entra no signo de Câncer (hemisfério norte). Festejamos com alegria o rito do fogo, simbolizando a importância e o valor que atribuímos a ele. Fogo é vida. É queimado vivo quem deixa o fogo apagar durante a noite.

Para esta cerimônia, fazemos uma coroa de visco. O visco queimado em pleno dia dá a visão dos pensamentos secretos. Queimado durante a noite, afogenta os maus espíritos. Quando o carregamos, nos protege de ataques.

Este é o dia escolhido pelos druida para consagrar as crianças (batismo druídico). Assim, os oficiantes batizadores, nas últimas chamas da fogueira, jogam algumas gotas de água para realizar a síntese dos quatros elementos: A Terra na qual é edificada a fogueira e que fornece as madeiras; o Fogo que queima; o Ar ao redor; a Água em contato com os três elementos. Em meio ao vapor que emerge, o padrinho e a madrinha invocam sobre o (a) afilhado (a) a proteção dos elementos que o (a) protegerão por toda vida.

O CASAMENTO DE LUG
(Eured Lug)

Os atributos irlandeses de Lugus não têm nada a ver com o Lug gaulês, deus da Luz (Lucellos) que é apenas um dos muitos aspectos do Incriado. Seus atributos são o do relâmpago, que rasga as nuvens, produzindo a chama, e da serpente que é o Conhecimento, assinalando a união pródiga deste casal divino, Lug e Gaia.

A serpente nasce do ovo primordial que é a Terra e sua configuração circular (a serpente que morde a própria cauda), expressando o conhecimento contido em si mesma, do começo ao fim. O simbolismo do casamento de Lug é que o Incriado, por intermédio de Lug, traz conhecimento à Terra e aos humanos que vivem sobre seu solo.

Esta cerimônia que se celebra em 15 de agosto, faz uma vibrante homenagem à Lug e à Gaia, nossa terra mãe exaltada nas imagens das madonas negras.

EQUINÓCIO DE OUTONO
(Alban Elved)

As forças combinadas do Ar, da Água, do Fogo, da Luz e da Terra trabalham em conjunto para adornar nossos países com exuberante vegetação cuja beleza nos leva aos planos da Harmonia, além de fornecer, ao reino animal e à raça humana, os elementos essenciais para a manutenção da vida.

Neste dia, devemos nos reunir para agradecer aos poderes celestes, a Belen que nos fornece o calor e a vida e, particularmente, à grande Mãe, nossa Terra, Gaia (a Fecundada), que nos dispensa seus benefícios.

Graças a eles, santificamos os esforços, colhendo os frutos da Terra. As colheitas são realizadas, os frutos das árvores estão ao nosso alcance, seja para nossa alegria imediata, seja para serem conservados, agora que o Sol vai entrar no seu período de calma.

Com o equinócio de outono em Libra (hemisfério norte), regido por Vênus, conhecido por espalhar a beleza, a graça, a ternura e a delicadeza, nos reunimos à sombra do grande carvalho tutelar cujas bolotas serão usadas para alimentar o gado que participa dos benefícios das Forças postas em movimento pelo Incriado.

Este dia é um dia de ação de graças.

SAMONIOS
(A Semeadura)

É principalmente uma cerimônia de contato entre o mundo dos mortos e o dos vivos. Devido aos tempos atuais e para torná-lo acessível a todos, é celebrado em um único dia e toda a integridade do ritual foi respeitada.

Depois que a invocação Espíritos beneficentes e Almas celtodruídicas, é recitado por todos, o oficiante ordena a libação ritual para os mortos e heróis, mediante três elementos líquidos:

  • Leite para os druidas e eubages.
  • Hidromel para os guerreiros, representados pelos bardos que os acompanham nos combates, ou pelos cavaleiros gauleses, caso estejam presentes na cerimônia.
  • Vinho para os agricultores, representados ovates cuja tarefa principal é aprender a trabalhar com as plantas e suas virtudes terapêuticas para auxiliar os que necessitam.

Também comemoramos em Samonios, o cavalo branco, benéfico, símbolo do Sol e da divindade protetora dos vivos e dos mortos e que nos protege da magia maléfica do cavalo negro.

Como tal, os dois cavalos são conduzidos diante do oficiante que pedirá ao cavalo branco proteção para todos, traçando sobre sua cabeça o sinal sagrado da cruz druídica. Depois, exorcizará o cavalo negro dos malefícios que possam ameaçar a vida dos participantes.

O dia de Samonios marcava, para os gauleses, o início do ano civil e administrativo, enquanto que Modra Necht marcava, e ainda marca, o início do ano religioso.

Em nosso livro, Os rituais secretos dos druidas de hoje, publicado pela Trajetória (França) e disponível no site da Amazon e da FNAC, você encontrará todos os nossos rituais.

Fraternalmente,

René e Claudine Bouchet

Tradução: CICECD Brasil